A palavra “reborn”, em inglês simples significa “renascido” ou “renascida” e diz respeito a tornar um brinquedo, em geral um boneco, o mais realista possível.
Mas eis que neste mundo adoecido em que estamos vivendo, adultos estão transferindo para seus bonecos sentimentos exagerados, como se estes fossem de fato, seres humanos. E mais, seus filhos.
Talvez alguém considere as minhas palavras capacitistas, mas, sinceramente não pode estar em seu senso normal este tipo de relacionamento. Alguns casos beiram de fato a insanidade, como levar o boneco para vacinar-se ou ser abençoado por religiosos.
Me faz lembrar Maria, uma senhora que conheci na serra de Luís Gomes, aqui no Rio Grande do Norte, que, por ter perdido um filho na sua adolescência, traumatizou-se e “adotou” uma boneca como filha.
Andava com sua filha imaginária rua acima, rua abaixo, zelando e protegendo seu “rebento” como muitas mães reais talvez não o façam até os dias atuais. Mas Maria é um caso à parte.
Quem tem adotado bonecos como filhos, não devem saber a dimensão de alguém tão especial como um filho. Não sabem da emoção de ouvir as primeiras palavras, de ver os primeiros passos e também não saberão do desafio de trocar a primeira fralda suja, receber sobre si o primeiro “alojo” e a primeira mijada.
Não saberão nunca do medo que nos acomete ao ver estes seres inocentes acometidos de qualquer enfermidade e termos as mãos atadas ante a doença, apelando a todos os santos dos céus que os curem rapidamente para voltar a ter seus sorrisos diante de nós.
De vê-los crescer, se tornar homens e mulheres feitos e ganharem o mundo, como passarinhos, voltando só de vez em quando para visitar o ninho. Isto é ser mãe, isto é ser pai, isto é ser filha, isto é ser filho. O resto é bobagem e resultado de um mundo de falsas “facilidades”, de “inteligências artificiais” e de desumanização.
Também sabe-se de adultos que adotaram bonecos e bonecas numa tentativa vã de substituir o humano em suas relações afetivas e até sexuais. Os coloco no mesmo bojo de falta de sanidade. Um psiquiatra cairia bem, mas este é um pensamento meu.
Precisamos sim de “renascer”, como na origem da palavra “reborn”. Mas, renascer para nós mesmos, para o simples e para o real. Para os dilemas diários e superá-los. Crescer como gente, como humanos que somos, amar, desamar, sofrer, ser feliz… Assim é a vida… Não somos bonecos, não somos máquinas, como bem o disse Chaplin, esperemos que este modismo passe logo, como tudo nestes últimos tempos modernos e isto seja só mais uma febre passageira.
Os comentários estão fechados